Refletir sobre a morte deveria ser um exercício presente no nosso cotidiano, ao contrário de ser uma ideia mórbida ou simplista, este pensamento nos proporciona a oportunidade de evoluir espiritualmente através das experiências naturais da nossa vida na Terra. A morte, também naturalmente, causa dor e intenso sofrimento àqueles que perdem entes queridos, não há modo de ser diferente! Há, porém, conhecidamente, um modo de vivenciar este evento sem que a nossa jornada terrena torne-se uma sequência de tormentos com dias cheios de desespero e vazios de esperanças, como se fosse a própria morte em vida.
Fazer meditações acerca da morte nos conecta diretamente com os significados mais legítimos da vida, especialmente, a sua finitude. Ao lembrar frequentemente que a vida é limitada nos deparamos com a necessidade de repensar os valores que atribuímos aos bens materiais e imateriais, às conquistas, aos fracassos, quais conceitos e princípios sustentam as nossas ações e como construímos a nossa consciência para fazer escolhas, tomar decisões e trilhar os caminhos que desejamos. Essa reflexão não deve, por sua vez, ocasionar um sofrimento antecipado; apesar de ser uma forma de preparação para um acontecimento previsto com máxima certeza, pensar sobre a morte deve ser um compromisso de elevação espiritual com objetivo de tornar mais firme a nossa fé e mais resiliente o nosso espírito.
Almas são criadas para a eternidade!
A compreensão desta verdade, possível apenas pela fé, nos auxilia na aceitação da finitude e possibilita significativa atenuação do sofrimento ao vivenciar o processo de degeneração da vida e o fatídico momento da perda. Depositar em Deus, autor absoluto de toda a vida, nossa esperança e desejos de superação e felicidade é condição essencial para que a morte não nos desespere, mas seja constatação decisiva na tomada de consciência quanto ao que verdadeiramente importa enquanto caminhamos neste mundo.
A vida na Terra não está destinada, de forma exclusiva, ao sofrimento, embora não seja possível passar por esta vida sem dor, é também inerente a condição humana experimentar momentos de prazer, de felicidade. Para tanto, é necessário dispormos nossas almas imortais ao esforço constante de lapidação através do desenvolvimento das virtudes, da prática fiel da religião e da vontade ordenada para o verdadeiro bem; de olhos fitos para o alto e com o coração dirigido a sua finalidade primordial: as alegrias da verdadeira vida. Não esta, mas a que virá.
Aline Santos
Paroquiana