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1. O Cerco de Jericó no relato bíblico

Livro de Josué 6, 1-20: No Antigo Testamento, depois da morte de Moisés, Deus escolheu Josué para conduzir o povo hebreu. Deus disse a Josué que atravessasse o rio Jordão com todo o povo e tomasse posse da Terra Prometida. Ora, a cidade de Jericó era uma fortaleza inexpugnável. Ao chegar junto às muralhas de Jericó, Josué recebeu as ordens de Deus, concretas e detalhadas. Josué e todo Israel executaram fielmente as ordens recebidas: durante 6 dias, os valentes guerreiros de Israel deram uma volta em torno da cidade. No 7º dia deram 7 voltas. Durante a 7ª volta, ao som da trombeta, todo o povo levantou um grande clamor e, pelo poder de Deus as muralhas de Jericó caíram.

2. Como começou o Cerco de Jericó:

Começou na Polônia, quando para obter uma vitória certa, alguns piedosos poloneses organizaram em seu país aquilo a que chamaram de Cerco de Jericó. O Santo Padre devia ir à Polônia a 8 de maio de 1979, para o 91º aniversário do martírio de santo Estanislau, Bispo de Cracóvia. Em fins de novembro de 1978, 7 (sete) semanas depois do Conclave que havia eleito João Paulo II, a Rainha Vitoriosa do Santo Rosário, Maria Santíssima deu uma mensagem precisa a uma alma privilegiada da Polônia, onde dizia: “Para a preparação da primeira peregrinação do Papa à sua Pátria, deve-se organizar na primeira semana de maio de 1979, em Jasna Gora, um Congresso do Rosário: 7 dias e 6 noites de rosários consecutivos, diante do Santíssimo Sacramento exposto”. O Cerco de Jericó consiste num incessante “assalto” de rosários, durante 7 dias e 6 noites, rezados diante do Santísismo Sacramento exposto.

No dia da Imaculada Conceição (8 de dezembro de 1978), Anatol Kazczuck, daí em diante promotor desses Cercos, apresentou a ordem da Rainha do Céu a Monsenhor Kraszewski, bispo auxiliar da Comissão Mariana do Episcopado. Ele respondeu: ‘É bom rezar diante do Santíssimo Sacramento exposto; é bom rezar o terço pelo Papa; é bom rezar em Jasna Gora. Podeis fazê-lo.’ Anatol apresentou também a mensagem de Nossa Senhora a Monsenhor Stefano Barata, bispo de Czastochowa e presidente da Comissão Mariana do Episcopado. Ele alegrou-se com o projeto, mas aconselhou-os a não darem o nome ‘congresso’, para maior facilidade na sua organização. Como esse ‘assalto’ de rosários devia durar sete dias, e, tal como em Jericó, tinha-se certeza da vitória, deu-se o nome de Cerco de Jericó. A Polônia vivia a ditadura do regime comunista. Nesse contexto, as autoridades recusaram o visto de entrada no país ao Santo Padre, como tinham feito a Paulo VI em 1966. Consternação geral em toda a Polônia… O Papa não poderia visitar a sua Pátria. Foi, então, com redobrado fervor que se organizou o ‘assalto’ de rosários. E, no dia 7 de maio, ao mesmo tempo que terminava o Cerco, caíram ‘as muralhas de Jericó’. Um comunicado oficial anunciava que o Santo Padre visitaria a Polônia de 2 a 10 de junho. Sabe-se como o povo polonês viveu esses nove dias com o Papa, o ‘seu’ Santo Padre, numa alegria indescritível!

No dia 10 de junho, João Paulo II terminava a sua peregrinação, consagrando, com todo o Episcopado polonês, a nação polaca ao Coração Doloroso e Imaculado de Maria, diante de um milhão e quinhentos mil fiéis reunidos em Blonic Kraskokic. Foi a apoteose! Assim, em diversos momentos importantes, os poloneses se uniram nesta batalha com a recitação do rosário, obtendo por intercessão da Virgem Imaculada, a vitória. O costume propagou-se, com o passar do tempo, para diversos lugares do mundo.

3. O Cerco de Jericó hoje:

A celebração do “Cerco de Jericó” não consta em nenhum livro litúrgico aprovado pela Igreja. Como vimos, ele surgiu na Polônia como um ato devocional sem envolver o translado do Santíssimo. Tratava-se simplesmente da récita do rosário diante do Santíssimo Sacramento com uma intenção. É preciso agir com prudência, evitando qualquer desobediência das orientações da Igreja. O Santíssimo Sacramento não é para fazer passeio, e sim procissão. Não é para fazer toque no corpo dos fiéis, e sim para ser adorado. Não é para ser tocado por objetos como se fosse um amuleto místico, mas é para ser comtemplado. O Santíssimo Sacramento é realmente Nosso Senhor Jesus Cristo, em seu Corpo e Sangue, Alma e Divindade. O “Cerco de Jericó” realizado como uma dinâmica pastoral, com dias de pregação, momentos devocionais diante do Santíssimo exposto, vigílias ininterruptas, seguindo as orientações da Igreja, pode ser uma ótima oportunidade de fortalecer a vida de fé da comunidade. Deste modo, o presente Cerco de Jericó consiste em 7 dias e 7 noites de oração ininterrupta diante do Santíssimo Sacramento exposto, cada dia tendo a celebração da Santa Missa.

Hoje somos nós, a Igreja da Trindade, escolhidos para sermos santos na vivencia do Evangelho e entrarmos na vida eterna. Hoje também enfrentamos desafios e obstáculos que serão temas de nossa intercessão durante o Cerco. Somos chamados a abrir mão de nossos projetos pessoais, para cercar nossos desafios e barreiras, enfrentando-os, não com nossas forças, mas com a força da oração para que sejam removidos pelo poder de Deus! O centro do Cerco de Jericó é a presença do Senhor. Ele é o Deus próximo que consola, orienta e conduz seu povo. Na adoração vamos fortalecer nossa confiança e fé em sua promessa e a olhar tudo através de seu amor. Em nossa caminhada, a Virgem Maria caminha conosco. Ela é a Arca da Nova Aliança (Ap 11,19) que nos traz a Nosso Senhor Jesus, o Filho de Deus. Com ela, contemplaremos os mistérios de Cristo, em silêncio, cantando, adorando a Deus e intercedendo pelas intenções do Cerco. Teremos um tempo privilegiado para a escuta orante da Palavra de Deus nas Sagradas Escrituras. Terminando nosso Cerco queremos assumir decididamente nossas vidas e nossa vocação a santidade certo de que é o Senhor que nos abre os caminhos.

Pe. Kelvin Borges Konz – Adminstrador Paroquial